Por terras de Braunschweig…
Estudo & Carreira

Por terras de Braunschweig…

Cristiana Cristiana Martinha
2 de setembro de 2013
Olá pessoal, Como prometido, o Batatolandia está de volta! Depois de alguns meses de pausa achei que seria interessante iniciar esta nova temporada com o relato de uma leitora do blog que esteve por aqui há pouco tempo. A Cristiana é uma doutoranda portuguesa que passou um tempo trabalhando e pesquisando na Universidade de Braunschweig. Espero que o relato dela seja interessante para vocês. Aproveitem!
Olá a todos! Tal como prometi ao autor deste blog, aqui fica um relato da minha experiência em Braunschweig. Escrever este post é assim um misto de recordações boas e saudade de voltar em breve a uma cidade que adorei. Espero que inspire outros a visitarem a cidade. A primeira vez que estive em Braunschweig foi no Inverno de 2012 (Janeiro/Fevereiro). Cheguei à cidade com o objectivo de lá passar um mês como investigadora externa num dos vários centros de investigação da cidade. Lembro-me que a primeira coisa que me chamou à atenção na cidade foi o frio intenso que se fazer sentir naquela altura (deveria de rondar os -10.C/-15.C). Quando cheguei ainda não nevava mas estava apenas um frio intenso. Depois de alguns dias na cidade finalmente começou a nevar e aí sim, a cidade ganhou uma beleza imensa. Pelo menos para mim. Como sou portuguesa não estou propriamente habituada a viver numa cidade com neve. É que visitar uma cidade com neve é uma coisa, outra é viver nela. Confesso que adorei! O meu trabalho no instituto ocupava-me praticamente todo o dia à semana. Aproveitava então o sábado para passear na cidade e fazer compras. Lembro-me da minha surpresa quando conheci o “Schloss” pela primeira vez. Andava a passear com uma colega indiano também investigador no mesmo instituto do que eu. Mal olhamos para o edifício imponente pensamos automaticamente que seria um museu e resolvemos entrar para ver. E qual não é o nosso espanto quando ao abrir as portas verificamos que dentro estava instalado um centro comercial com todo o tipo de lojas. Foi uma agradável surpresa e desde então passamos a gastar lá muitas horas dos nossos sábados cheios de neve. Mesmo ao lado do “Schloss” existe um enorme café com esplanada muito interessante no qual passamos aos sábados ir lá tomar o “brunch”. Era um hábito que não tinha aqui em Portugal mas que em Braunschweig adorei. Pelo contrário, se em Portugal tinha o hábito de tomar todos os dias o pequeno-almoço fora num café porque não é muito caro, na Alemanha não continuei com este hábito porque iria certamente sair bastante caro. Verifiquei que na Alemanha cafés e restaurantes são consideravelmente mais caros que em Portugal, mas as compras no supermercado era o oposto, ou seja, eram mais baratas (com excepção de frutas, legumes e carne). Os domingos de inverno em Braunschweig eu não gostava, tenho que confessar. Isto porque tudo se encontra fechado (lojas e supermercados) o que me forçava a passar o dia num misto de dormir, ver televisão, etc. Um tédio! Às vezes, quando o sol espreitava um pouco lá ia com o colega indiano dar uma volta no parque que ficava bem junto ao instituto e ao rio Oker. E era lindo!!!! Todo parque com neve, o rio congelado e o lago do parque também congelado onde crianças faziam patinagem no gelo… é lindo de mais. Relativamente à comida alemã, essa foi outras das experiências interessantes. Se ao jantar e fim-de-semana eu cozinhava em casa, geralmente ao almoço eu costumava almoçar na cantina dos médicos do hospital da cidade que se localizava junto ao instituto onde trabalhava e onde nós investigadores tínhamos autorização de a utilizar. Isto fez com que todos os dias eu almoçasse lá e experimentasse uma panóplia alargada de pratos tipicamente alemães. De uns gostava mais de outros nem tanto. Relativamente à minha segunda estadia ela foi já este ano em Maio. Estive então de novo em Braunschweig na Primavera. Contudo, apesar de nos primeiros dias ter apanhado dias de sol seguiu-se dias e dias de chuva. Chuva que até os próprios colegas alemães diziam não ser normal naquela época. Esta segunda estadia foi diferente da primeira em vários aspectos. Se na primeira os meus passeios a pé pela cidade eram um pouco limitados pela neve e frio intenso, desta vez tive todas as condições e tempo para passear pela cidade ao longo do rio que circunda a cidade… belíssimo. Fiquei a saber, por exemplo, que muitos dos palacetes que estão junto ao rio e que agora são museus ou chalés foram outrora residências de judeus endireinhados que foram mortos e perseguidos no Holocausto. E este é, sem dúvida, um assunto “latente” em Braunschweig. Anda-se pela cidade e não se vê referências ao Holocausto e parece que toda a cidade quer de algum modo esquecer este passado. Mas, estando lá é impossível não lembrar que aquela era a cidade alemã do Hitler porque foi a cidade que deu a cidadania alemã ao Hitler. Aliás, procurando no Youtube é possível encontrar paradas militares e comícios de Hitler em frente ao “Schloss”. Estando lá e passeando por Braunschweig não se consegue esquecer isso. Aliás, toda a “traça” moderna da cidade com largas avenidas vem do pós-guerra dado que a cidade ficou bastante destruída com a II Guerra Mundial. Mas estes passeios fizeram-me conhecer muito melhor a cidade que está repleta de parques e lindas praças onde se pode passar a tarde em esplanadas diversas e deliciarmo-nos com bolos típicos alemães! Uma perdição. Bom… acho que já escrevi demais… Mas fica o conselho: visitem Braunschweig quando conseguirem. Vale a pena! Eu cá espero regressar em breve! CM
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Cristiana Martinha
Cristiana Martinha
Autor
Doutoranda portuguesa que passou um tempo trabalhando e pesquisando na Universidade de Braunschweig. Conheceu o Batatolandia enquanto buscava informações sobre Braunschweig e mais tarde contribuiu narrando suas experiências na cidade.

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